BARTÔ
E A CADELA PITUCA
Contos!
Há
coisas que não sabemos explicar
Outra
não tem deveras explicação
Fatos
que aqui até podemos contar
E
que às vezes tocam nosso coração!
Moro
em uma cidadezinha muito pequena,
tranquila
e muito serena, aqui no nordeste do Brasil.
Não
faz muito tempo que aqui cheguei, mas, como sou muito comunicativo e atencioso
não foi muito difícil fazer ótimas amizades, até porque este povo simples e
hospitaleiro é acolhedor e preza muito a reciprocidade baseada na empatia.
Logo
conheci Afrânio e seu pai Bartolomeu, vizinhos maravilhosos e que por sinal
muito sorte me deu. Há, também tinha pituca, uma cadela vira-lata muito dócil
que era a queridinha do Sr. Bartô, como era chamado na vizinhança.
Morávamos
aproximadamente umas duas quadras da praia e quase todos os dias eu e Afrânio,
fazíamos caminhada na areia, enquanto Bartô pescava, pituca acompanhava tudo
com muita dedicação.
Alguns
anos se passaram e a rotina era sempre a mesma, até que Afrânio terminara os
estudos e resolveu tentar uma vida melhor em Portugal.
Praticamente
virei um filho mais velho do Sr. Bartô, tornando-se mais amigos e companheiros
de caminhadas e pescarias, sempre acompanhados de perto pela cadela pituca, uma
eterna espiã.
Afrânio
conseguiu um bom emprego e resolveu levar embora o Sr. Bartô, que mesmo depois
de muita insistência também resolve deixar o Brasil, e pituca? Exclamava ele
com o coração partido.
Conversamos
bastante e eu o tranquilizei, prometendo a ele que cuidaria de pituca e sempre
o enviaria fotos dela para ele matar a saudade.
Chega
o dia da partida, Bartô levanta em plena madrugada e caminha com pituca pela
praia, como se fosse ali a despedida, árdua e sofrida, mas, que era preciso
para seu coração seguir em paz.
Deixamos
pituca no meu quintal, eu mesmo levei o Sr. Bartô até o aeroporto e nos
despedimos em seguida, voltando para casa muito triste com a situação.
Abri
o portão e pituca já não era a mesma, parecia que me condenava como se fosse eu
o culpado pela desgraça, fiz um carinho e a deixei com sua tristeza, totalmente
abatida.
Tínhamos
um portão que dava acesso a casa onde o Sr. Bartô morava, abri e deixei que
pituca percebesse que seu dono se fora, restando a ela somente minha companhia.
Alguns
dias se passaram até que resolvi levar pituca para caminharmos juntos na praia,
e, foi aí que algo surpreendente aconteceu: Pituca avançou contra o mar, nadava
e enfrentava as marés, latia, uivava , voltava novamente a areia repetindo o
feito diversas vezes, parecia querer me dizer que o Sr. Bartô foi embora pelo
mar, nesta hora eu confesso deu vontade de chorar.
E
assim os dias passam e pituca sempre repete a mesma atitude, ela não consegue
esquecer seu dono, às vezes digo a ela que não foi abandono e que ele sempre
manda lembranças!
Fim!
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